O meu interesse neste livro surgiu há uns tempos e esse interesse só prova que a mente humana é uma coisa fantástica... Passo a explicar...
A minha "companheira" é uma seguidora acérrima da série de época inglesa "Downton Abbey" e eu também a vi-a com ela, mas (e aí entra a parte da mente humana/memória) lembrava-me muito vagamente de uma série do mesmo género (com o actor Jeremy Irons) que passou na RTP nos anos oitenta cujo ambiente era muito parecido, a sociedade inglesa do início do século XX e cujo nome ficou-me sempre gravado na memória, "Reviver o Passado em Brideshead".
Entretanto fiz umas pesquisas e descobri que essa série era baseada num livro e resolvi compra-lo para ler.
E aqui fica a minha opinião.
"Reviver o Passado em Brideshead", como atrás referi é passado no período entre a I e a II guerras mundiais, mas é narrada em "flashback".
Tudo começa quando em plena II guerra mundial, na Inglaterra, Charles Ryder, capitão miliciano do exército inglês é colocado mais a sua companhia de soldados numa área rural com uma enorme mansão senhorial que foi cedida ao exército, quando Charles vê onde está e reconhece o sítio, faz um retrocesso no tempo até à sua juventude e inicia a narração das suas memórias relacionadas com o sítio e com a família cuja casa e área circundante pertence.
Quando jovem em Oxford, Charles conhece Sebastian Flyte, outro jovem exuberante, rico e sensível e ambos se tornam muito amigos, mas Sebastian é um jovem que apesar de toda a sua exuberância e alegria tem muitos problemas, vive sob o peso da sua família, principalmente da mãe que apesar de inglesa é uma católica fervorosa que controla os filhos, o pai que se separou da mãe e vive em Itália com a amante, o irmão mais velho também muito controlador e igualmente religioso e Júlia a irmã que também vai ter um papel determinante na vida de Charles.
Ao longo dos anos, Sebastian vai-se degradando, torna-se cada vez mais alcoólico e isso vai causar a separação de Charles com a família Marchmain.
Anos mais tarde, já casado e estabelecido como pintor de sucesso, Charles reencontra Júlia, apaixonam-se e volta a aproximar-se dos Marchmain, até que após a morte do pai de Júlia e Sebastian voltam a separar-se.
Este livro é de uma beleza fantástica, Evelyn Waugh, que apesar do seu "mau feitio", deixou toda a sua mestria aqui, faz um retrato fiel da sociedade da época, dos "loucos anos 20", os excessos de uma juventude, o amor, a amizade e ao mesmo tempo contrapõe com o peso da religião católica, a fé e a falta dela, a rigidez da alta sociedade inglesa, criando um paradoxo com que as personagens tiveram de lidar e fazer as escolhas que determinaram a sua vida futura.
Gostei muito do livro e recomendo.
Para além da série dos anos 80, também foi feito um filme em 2008, que apesar de não estar 100% fiel ao livro, está bastante satisfatório e agradável.
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