domingo, 9 de agosto de 2015

"Amadeo" - Mário Cláudio



Mário Cláudio escritor e poeta, nascido no Porto e com uma vasta obra literária, mostra nos neste seu “Amadeo” que um livro não precisa de ser extenso para ser uma grande obra literária.
O tema principal neste livro é a biografia “romanceada” do grande pintor português do início do século XX Amadeo de Souza-Cardoso. Mas para isso Mário Cláudio usa uma história paralela que serve de suporte à biografia do pintor.
Temos então duas acções paralelas que apesar de distintas uma da outra se complementam entre si.
A acção inicia-se com a biografia em si, com uma descrição da famosa casa de “Manhufe” em Amarante, o ambiente da casa, as criadas, o caseiro, a cozinheira e de tudo à volta dela, o Marão, os campos, a natureza Transmontana e depois é intercalada com o início da outra acção onde na forma de um diário, em que o narrador (cujo nome só saberemos no fim do livro) vai-nos mostrando como a biografia está a ser construída por “Papi” seu tio, um médico retirado cocainómano que vive atormentado pela escrita da biografia de Amadeo e pela decadência da sua quinta em que ambos vivem juntamente com uma criada alcoólica o marido e seus filhos.
A partir daqui as duas narrativas vão crescendo e tal como disse atrás complementando-se, Amadeo passa da infância para a adolescência, vai para Coimbra estudar, depois para Lisboa, desilude-se com Portugal, vai para Paris, onde tem uma relação conturbada com outros portugueses, partilha um estúdio com o pintor italiano Modigliani, casa-se com Lúcia, regressa a Portugal aquando da I Guerra Mundial onde acaba por falecer de pneumonia. Tudo isto intercalado com o diário do narrador que conta também os infortúnios de “Papi”, a investigação e a dificuldade que tem com a construção da biografia e a sua própria decadência.
No final, ambas as histórias terminam com um final trágico, a morte de Amadeo e… (têm de ler o livro para saber)
Neste livro que apesar de pequeno Mário Cláudio mostra-nos toda a sua mestria como escritor, utilizando uma linguagem cuidada e (a meu ver) melancólica, dando um ambiente emotivo e de época.
Com este livro Mário Cláudio recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Autores.

Falta dizer que li a edição de bolso da colecção “BIIS” da Leya e não consegui descobrir mais nenhuma edição (e mesmo esta foi difícil).

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