terça-feira, 22 de setembro de 2009

Deixem Passar o Homem Invisível - Rui Cardoso Martins

Recentemente terminei de ler o segundo livro de Rui Cardoso Martins que é este "Deixem Passar o Homem Invisível".
Rui Cardoso Martins, já com o seu "Se Eu Gostasse Muito de Morrer", tinha-me impressionado bastante pela positiva e dava mostras do seu enorme talento, mas agora com este seu último trabalho vem confirmar isso mesmo, uma enorme qualidade literária e uma grande sensibilidade.
Este livro é a história de António, um advogado cego devido a um acidente desde os seus sete anos de idade e de João, um escoteiro com oitos anos e com uma personalidade fantástica, que num dia de chuvadas torrenciais e por vicissitudes da vida, caiem ambos num buraco provocado pela enxurrada, num túnel de esgoto antigo.
A partir daqui António e João vão percorrendo o túnel que atravessa a cidade em busca da sua salvação. Passando por diversas peripécias, desde serem atacados por ratos a descobrirem esqueletos humanos, António e João vão criando um afecto muito grande um pelo outro, um sentimento de amizade muito profundo mas sem saberem que as suas vidas já se tinham cruzado anteriormente.
Paralelamente à superfície com as equipas de salvamento que procuram os desaparecidos, encontra-se Serip, mágico, ilusionista e até mesmo filósofo, amigo de António que é uma personagem bastante peculiar e activa e que muito contribui para o desenvolvimento da história e Madalena uma arqueóloga que descobre o mapa do túnel.
Durante a acção, as personagens fazem também retrospectivas da sua vida e dão-nos a conhecer toda a sua vida, pensamentos e desejos mais íntimos, fazendo uma espécie de expiação da mesma.
Tal como no livro anterior, este também serve de crítica e ironia à nossa sociedade, costumes e à forma de viver do Homem actual.
O livro lê-se bastante bem, são cerca de 230 páginas que nos prendem desde o início até um final totalmente inesperado e inconclusivo.
Gostei bastante do livro.
Pipas

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Jorge de Sena

Aproveitando o facto de ter sido feita hoje a trasladação dos restos mortais de Jorge de Sena e em complemento ao meu post no Pipasblog sobre este assunto, deixo aqui um poema dele que a meu ver seria o pensamento dele sobre todo este assunto.

"Ser um grande poeta
morto ou nacional
é atrair as moscas
como idiotas e
os idiotas como moscas.

Ser um poeta medíocre
vivo e universal
é atrair os catedráticos
de literatura como
idiotas e moscas

Ser um poeta apenas
nem vivo nem morto
ou nacional ou universal
é atrair apenas os poetas
como moscas idiotas

Moralidade: não há saída."

Jorge de Sena

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Inês de Portugal - João Aguiar


Boas, continuando "numa" de romances históricos, ontem peguei e li de uma "enfiada" um pequeno grande livro de João Aguiar que é este "Inês de Portugal".
Como de certeza já se aperceberam este livro trata dessa grande história de amor proibido entre o rei D. Pedro I e a aia de sua esposa, a Inês de Castro, que tanta tinta já fez correr na literatura Portuguesa desde Camões a António Ferreira.
Este história, inicialmente concebida como argumento/guião para o filme com o mesmo nome, foi adaptado e publicado como livro.
A acção do mesmo começa algum tempo após a morte de Inês, com a chegada como prisioneiros de dois dos culpabilizados pela morte dela, Álvaro Gonçalves e Pero Coelho. Partindo daqui, a trama desenrola-se em saltos temporais, sendo contada através da figura de Álvaro Pais, conselheiro do Rei, toda a história passada e presente, desde o início do amor de Pedro por Inês, à guerra com seu pai devido à morte de Inês e por fim ao castigo dos assassinos de Inês e respectiva quebra ao juramento que tinha feito a sua mãe.
O livro é pequeno, tem pouco mais de 100 páginas (li a edição da BisLeya), mas é bastante empolgante, uma história que nos prende do princípio ao fim, com bastante rigor histórico, algumas intrigas palacianas à mistura e com uma nota do autor no final onde ele explica o que é verídico e o que é ficcionado.
Gostei bastante.
Fiquem bem
Pipas