Recentemente terminei de ler o segundo livro de Rui Cardoso Martins que é este "Deixem Passar o Homem Invisível".
Rui Cardoso Martins, já com o seu "Se Eu Gostasse Muito de Morrer", tinha-me impressionado bastante pela positiva e dava mostras do seu enorme talento, mas agora com este seu último trabalho vem confirmar isso mesmo, uma enorme qualidade literária e uma grande sensibilidade.
Este livro é a história de António, um advogado cego devido a um acidente desde os seus sete anos de idade e de João, um escoteiro com oitos anos e com uma personalidade fantástica, que num dia de chuvadas torrenciais e por vicissitudes da vida, caiem ambos num buraco provocado pela enxurrada, num túnel de esgoto antigo.
A partir daqui António e João vão percorrendo o túnel que atravessa a cidade em busca da sua salvação. Passando por diversas peripécias, desde serem atacados por ratos a descobrirem esqueletos humanos, António e João vão criando um afecto muito grande um pelo outro, um sentimento de amizade muito profundo mas sem saberem que as suas vidas já se tinham cruzado anteriormente.
Paralelamente à superfície com as equipas de salvamento que procuram os desaparecidos, encontra-se Serip, mágico, ilusionista e até mesmo filósofo, amigo de António que é uma personagem bastante peculiar e activa e que muito contribui para o desenvolvimento da história e Madalena uma arqueóloga que descobre o mapa do túnel.
Durante a acção, as personagens fazem também retrospectivas da sua vida e dão-nos a conhecer toda a sua vida, pensamentos e desejos mais íntimos, fazendo uma espécie de expiação da mesma.
Tal como no livro anterior, este também serve de crítica e ironia à nossa sociedade, costumes e à forma de viver do Homem actual.
O livro lê-se bastante bem, são cerca de 230 páginas que nos prendem desde o início até um final totalmente inesperado e inconclusivo.
Gostei bastante do livro.
Pipas