terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira - Direito de resposta

Eme disse...
"(...) nomedamente para mulheres"?!?!?!?
Mas que comentário tao machista!!!
Aconselho-te a rever esses preconceitos...já não fazem nenhum sentido...

Minha cara (presumo) Eme, desde já peço desculpa pela má impressão que te deixei pelo texto do meu post sobre o Ensaio Sobre a Cegueira.
Quando eu fiz este último parágrafo:
"Em relação ao livro aconselho-o, mas deixo desde já a advertência que tem passagens um pouco fortes para pessoas mais susceptíveis nomeadamente para as mulheres."
Nunca foi com nenhum pensamento machista, coisa que, quem me conhece pode desde já afirmar-te que não sou! Antes pelo contrário, sempre tive o maior apreço e consideração pelas Mulheres, defendendo inclusivé que são mais inteligentes que os Homens.
Posto isto, a razão da existência deste parágrafo é relativa à parte (e aqui presumo que tenhas lido o livro), em que as mulheres são obrigadas a serem violadas para poderem ter comida.
Esta parte, que se a mim como Homem me impressionou, chegando mesmo a revoltar-me, imagino nas mulheres... (pensei eu).
Mais uma vez ficam as minhas desculpas e espero continuar-te a ter como visitante deste blog.
Pipas

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Tempo dos Imperadores Estranhos - Ignacio Del Valle



Mira que te mira Dios;
mira que te está mirando;
mira que vas a morir;
mira que no sabes cuándo.


Quando aparece um soldado morto em plena Rússia durante a II Guerra Mundial, isso não é fora do comum, mas quando esse soldado morto se encontra degolado e completamente sem sangue, já não é normal, menos normal ainda, é quando no corpo se encontra gravada o primeiro verso da quadra acima posta, (Mira que te mira Dios).
Este é o mote para este livro cuja acção se passa na frente russa durante a II Guerra Mundial, mais propriamente na Divisão Azul, um exército de voluntários espanhóis que lutaram juntamente com os Alemães contra os Russos.
Uma sucessão de homicídios, rituais maçónicos, um soldado com um passado problemático e um sargento com problemas gástricos nomeados para descobrir o homicida, mas apanhados na "guerra surda" de interesses entre o exército e os falangistas, são os ingredientes que fazem parte desta história.
O livro tem uma óptima base para ser um bom livro, uma boa temática e personagens complexos mas dá a sensação que falta aguma coisa, penso que a acção poderia ter sido mais explorada, de certeza que se conseguia um livro bem melhor. Para além da parte policial, também temos a parte "existencial" em que as diversas personagens se interrogam e se revelam, quando expostos a situações extremas como foi a guerra na Rússia durante o inverno.
É um livro que se lê bem, aprendem-se alguns factos da história de Espanha e consegue entreter-nos durante algum tempo.
Mais uma vez digo que na minha opinião acho que o livro tinha temática para ser mais explorada e desenvolvida, dá a sensação que falta ali qualquer coisa à medida que vamos lendo e que a acção se desenrola depressa demais.


domingo, 23 de novembro de 2008

Patient - Guns n' Roses


Shed a tear 'cause I'm missin' you
I'm still alright to smile
Girl, I think about you every day now
Was a time when I wasn't sure
But you set my mind at ease
There is no doubt
You're in my heart now

Said, woman, take it slow
It'll work itself out fine
All we need is just a little patience
Said, sugar, make it slow
And we come together fine
All we need is just a little patience

I sit here on the stairs
'Cause I'd rather be alone
If I can't have you right now
I'll wait, dear
Sometimes I get so tense
But I can't speed up the time
But you know, love
There's one more thing to consider

Said, woman, take it slow
And things will be just fine
You and I'll just use a little patience
Said, sugar, take the time
'Cause the lights are shining bright
You and I've got what it takes
To make it, We won't fake it,
I'll never break it
'cause I can't take it

...little patience
need a little patience,
just a little patience,
some more patience,
need some patience,
could use some patience,
gotta have some patience,
all it takes is patience,
just a little patience
is all you need

I been walkin' the streets at night
Just tryin' to get it right
Hard to see with so many around
You know I don't like
Being stuck in the crowd
And the streets don't change
But baby the name
I ain't got time for the game
Cause I need you
Yeah, yeah, but I need you
Oo, I need you
Whoa, I need you
Oo, all this time

terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Viagem do Elefante - José Saramago

Terminei de ler o último livro de José Saramago, A Viagem do Elefante e gostei bastante.
O livro tem como personagem principal Salomão/Solimão um elefante indiano que veio da Índia para Portugal no séc. XVI que depois foi oferecido como presente pelo Rei D. João III ao seu primo o Arquiduque da Aústria Maximiliano II.
A acção e história do mesmo centra-se na viagem entre Portugal e a Aústria, e nas peripécias que o elefante e restante comitiva enfrentaram.
Para além de Salomão/Solimão também entra outro personagem chave na história que é o seu tratador ou "cornaca", o indiano Subhro/Fritz, que funciona como personagem chave e de ligação entre o elefante, as restantes personagens e a acção propriamente dita.
Como não há muitas informações e dados concretos e históricos sobre esse acontecimento, Saramago escreveu o livro com acontecimentos ficcionados, num tom de conversa entre amigos e com muita ironia à mistura.
Saramago considera este seu livro como uma metáfora da vida.

"[Contei esta história] em primeiro lugar, porque me apeteceu, e em segundo lugar, porque, no fundo - se quisermos entendê-la assim, e é assim que a entendo - é uma metáfora da vida humana: este elefante que tem de andar milhares de quilómetros para chegar de Lisboa a Viena, morreu um ano depois da chegada e, além de o terem esfolado, cortaram-lhe as patas dianteiras e com elas fizeram uns recipientes para pôr os guarda-chuvas, as bengalas, essas coisas", referiu Saramago.
"Quando uma pessoa se põe a pensar no destino do elefante - que, depois de tudo aquilo, acaba de uma maneira quase humilhante, aquelas patas que o sustentaram durante milhares de quilómetros são transformadas em objectos, ainda por cima de mau gosto - no fundo, é a vida de todos nós. Nós acabamos, morremos, em circunstâncias que são diferentes umas das outras, mas no fundo tudo se resume a isso".

Achei este livro absolutamente delicioso, com uma escrita simples e agradável (o antípoda do Ensaio Sobre a Cegueira, que li recentemente), que pode ser lido por todos mesmo para quem não aprecie a escrita dele, de certeza que com este livro a sua opinião vai mudar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gaudí - Um Romance

Gaudí Um Romance, é como o nome indica uma biografia romanceada do grande arquitecto espanhol Gaudí, que transformou a cidade de Barcelona no esplendor que é hoje.
Este livro, escrito por Mario Lacruz, famoso editor espanhol, foi encontrado ainda como manuscrito e incompleto, aquando do espólio dos seus pertences após a sua morte.
Tal como o nosso Pessoa com a sua arca, também Mario Lacruz deixou dezenas de textos e manuscritos de livros nunca publicados.
Apesar de incompleto, o livro lê-se perfeitamente, apenas deixando a sensação de haver muito mais matéria para explorar.
A acção centra-se na vida de Gaudí, inicialmente um jovem rebelde e anticlerical e depois com o passar dos anos e com a sua obcessão com a construção da catedral da Sagrada Família se transforma num religioso e místico.
A história, começa pelo fim, com a morte de Gaudí e desenvolve-se a partir daí com flashbacks dos seus tempos de juventude, misturados com os último tempos da sua vida.
Tal como disse, é um livro interessante, pequeno e de fácil leitura, mas deixa-nos a sensação que podia haver muito mais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ensaio Sobre a Cegueira


Por incrível que pareça, ainda não tinha lido este livro do nosso Nobel José saramago! Mas devido a toda esta discussão à volta do filme realizado pelo brasileiro Fernando Meireles, baseado nesse mesmo livro e ao meu desejo de o ir ver, decidi ler o livro em questão para depois o poder comparar e até mesmo perceber e integrar-me melhor na história.
Bom... Só me arrependo de não o ter lido há muito mais tempo atrás, o livro é fabuloso.
A história deste livro, baseia-se numa súbita doença contagiante que cega as pessoas e concentra-se num pequeno grupo onde está inserida a única que não é atingida por esse mal.
A partir daí é desenvolvida toda a espécie de situações, desde o isolamento dos cegos e respectiva vida dos mesmos no isolamento, às formas de relacionamento entre os cegos, a adaptação (ou não) a uma nova vida e os oportunismos criados com esta situação.
O livro tem partes muito intensas, que chegam a ser violentas física e psicológicamente, explorando a condição humana e a falta dela, ou a rapidez com que se perde a mesma.
Apesar de ser um livro do Saramago, com a sua má fama de escrita complicada, não o achei assim. Lê-se extremamente bem, é muito descritivo e fluído, sem nunca ser monótono.
Se o filme for como o livro (que não é dito pelo próprio realizador), ou muito próximo, de certeza que vai ser um bom filme.
Em relação ao livro aconselho-o, mas deixo desde já a advertência que tem passagens um fortes para pessoas mais susceptíveis nomeadamente para as mulheres.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Fado Alexandrino - António Lobo Antunes

Fado Alexandrino, é o 5º livro de António Lobo Antunes e é igualmente o maior.
Este livro, arranjando assim um ponto de comparação é uma espécie de "Ulisses" do James Joyce.
A acção propriamente dita decorre durante uma noite, madrugada e respectiva manhã em que num jantar de convívio de ex-combatentes da guerra colonial que tinham combatido em Moçambique, um grupo homens, o tenente - coronel (comandante do batalhão), um soldado, um alferes, um tenente e um capitão, vão contar toda a sua vida desde o dia da sua chegada da guerra até ao fim dessa manhã.
Sendo assim, o livro está dividido em três partes; antes da revolução, a revolução e depois da revolução e é nesse espaço temporal que a narrativa se vai desenrolando, com os personagens a contar todas as suas peripécias, contratempos, amores, desamores, casamentos, divórcios e tudo o mais que lhes aconteceu durante esses anos.
O livro para além de ser muito intenso (já se começa a notar o Lobo Antunes de escritos futuros), é também uma crítica profunda ao Portugal da década de 70 do século passado, com todos os seus defeitos, mesquinhices e brejeirices que nessa época (e na nossa igualmente) abundavam. É também uma crítica política pondo à mostra primeiro os excessos do regime anterior e da Pide e depois com a revolução, e a passagem de um regime acomodado e repressivo a um regime libertário e até mesmo um pouco "anarca", que foi o do Portugal pós 25 de Abril, o caos e os aproveitamentos plíticos e vinganças pessoais que daí adviram.
O livro tem um final inesperado, que vai contribuir para um desenlace da história nada esperado.
Eu gostei deste livro, tem uma história bem construida, a vida dos personagens é complexa e por vezes cruza-se, sem eles próprios se aperceberem e é igualmente como atrás referi uma espécie de descrição de usos e costumes do Portgal da década de 70 do século XX.
Para quem nunca leu Lobo Antunes, não aconselho este livro para se iniciar, agora para quem já leu e quiser aventurar-se e tiver "paciencia", devido ao tamanho do livro, aconselho-o vivamente.

domingo, 2 de novembro de 2008

Aleksandr Púchkin - "Queima o sangue um fogo de desejo..."



Queima o sangue um fogo de desejo,
De desejo a alma é ferida,
Dá-me os teus lábios: o teu beijo
É o meu vinho e minha mirra.
Reclina para mim a cabeça
Ternamente, faz que eu durma
Serena até que sopre um dia alegre
E se dissipe a névoa nocturna.

Aleksandr Púchkin