Por vezes há autores que por uma razão ou por outra desconfiamos ao princípio, talvez por serem "best-sellers"e duvidarmos da sua qualidade literária, talvez por serem os autores da moda ou porque ficamos com uma noção errada do tipo de livros que eles escrevem.
Comigo, isso aconteceu com o Haruki Murakami, na altura que os livros dele começaram a fazer sucesso em Portugal, fiquei com a ideia que ele era outro Paulo Coelho, (desde já me perdoem os apreciadores do Paulo Coelho), fiz uma ideia bastante errada do género de escritor que ele era e da qualidade das suas obras.
Há uns tempos atrás enchi-me de coragem e pedi um livro dele por empréstimo, o livro era "A Rapariga que Inventou um Sonho", uma colectânea de contos (género literário que sou grande fã e que serviu de mote também para a leitura desse livro) e dou a "mão à palmatória" fiquei rendido à escrita dele.
Infelizmente devido a inúmeras coisas só recentemente é que me "agarrei" a outro livro dele, (que por acaso me foi oferecido por uma pessoa de quem eu gosto muito) e o livro em questão e de que eu vou falar aqui no blog é o "Kafka à Beira - Mar".
Kafka à Beira - Mar conta a estória de duas personagens que apesar de muito diferentes e sem nunca se conhecerem vão interferir no destino de uma da outra e com isso modificar as suas vidas para sempre.
Kafka Tamura, um jovem de quinze anos, extremamente inteligente e desportista mas completamente solitário, foge de casa. Abandonado pela mãe em pequeno, com um pai que nunca se interessa por ele e sem amigos Kafka decide-se fazer à vida e envereda por um caminho que aos poucos o leva até aos confins tanto do Japão como da sua alma, atormentado pelo seu passado e alterando o seu futuro.
Paralelamente temos Nakata, um idoso, que devido a um estranho acontecimento na sua infãncia perde as faculdades de ler e do conhecimento mas com alguns "dotes" especiais e que por força dos acontecimentos pelos quais é atraído e envolvido sem a sua vontade, segue o mesmo caminho que Kafka.
Murakami é um escritor com uma extrema sensibilidade e imaginação recorre a um imaginário simples mas complexo com o qual transforma as suas estórias e cria uma ambiencia de fantástico e de irreal (para isso também ajuda a própria "imagem" do Japão, com as suas tradições e cultura ancestral), mas ao mesmo tempo verdadeiro, como por exemplo a capacidade de Nakata falar com gatos ou ter como personagens (ir)reais o boneco da marca de whisky Johnnie wlker ou o Coronel Sanders da KFC.
Este livro a meu ver é muito bonito, fala por metáforas das vicissitudes da vida, a solidão, o amor, a perda, a amizade e convida à introspecção.
Fiquei rendido ao Haruki Murakami e ao seu universo.