Wolf Hall, da escritora inglesa Hilary Mantel, é provavelmente um dos melhores romances históricos dos últimos anos.
Para além de romance histórico, este livro é também uma excelente obra literária e foram todos estes argumentos que lhe valeram para receber o prestigiado "Man Booker Prize" em 2009.
Hilary Mantel com este seu livro traz-nos a história de Thomas Cromwell, uma das maiores figuras da Inglaterra do séc. XVI e mostra-nos através dele um periodo muito conturbado da história da Inglaterra.
O livro começa com um pouco da infância de Cromwell, oriundo do povo, filho de um ferreiro que constantemente o maltrata e que em adolescente foge de casa e vai correr a Europa.
A acção retoma anos mais tarde já com Cromwell de volta à Inglaterra, um advogado e comerciante respeitado e também secretário do Cardeal Wolsey, a figura principal de Inglaterra depois do rei.
Nesta altura reina Henry VIII, casado com Catarina de Aragão que já tinha sido esposa do seu falecido irmão o rei Arthur.
Henry, entretanto desiludido com a sua esposa e com apenas uma filha (a futura rainha Mary), visto que todas as outras crianças que teve morreram, apaixona-se por uma jovem cortesã, Anne Boleyn. A partir daqui inicia-se toda uma série de intrigas, jogos políticos, ambições, traições que levam à queda do Cardeal Wolsey e à ascenção de Cromwell.
Cromwell era um homem de visão, organizado e metódico, um excelente estadista que aos poucos e poucos foi alterando toda a política da Inglaterra que nessa época era um país muito atrasado e feudal, enquanto os outros países da Europa gozavam já um enorme avanço tanto político-económico, como o caso de Portugal e Espanha (estamos no periodo aúreo do Império Português com D. João III no trono), como científico e artístico como nos Reinos de Itália, com o Renascimento. É igualmente uma época de grande conflito espiritual com a ascenção do Calvinismo e do Luteranismo no norte da Europa e as lutas e revoltas religiosas.
Cromwell aproveitando o facto de o Papa Clemente não reconhecer o divórcio de Henry VIII com Catarina de Aragão, criou o "Acto de Supremacia" em que dava poder sobre a igreja ao rei de Inglaterra e não ao Papa, criando assim a igreja Anglicana.
Com esta lei Henry VIII, pode divorciar-se e casar novamente com Anne Boleyn, mas esta também só lhe dará uma filha, a futura rainha Elizabeth I.
Evidentemente que esta lei não agradou ao clero e ao povo inglês que eram obrigados a aceitar a lei ou a sofrerem diversas consequencias, uma delas terá sido a morte de outra grande figura da Inglaterra desta época, Thomas More (mais tarde tornado santo e mártir pelo Vaticano), que se recusou a aceitar e foi condenado à decapitação.
O livro termina com a morte de More, mas muito mais sucedeu após isso, não sei se a Hilary Mantel irá fazer outro livro com o resto da vida de Cromwell ou não, mas este já é bom o suficiente.
O livro denota um grande trabalho de investigação e rigor histórico, os factos estão bem ficcionados e a estória corre muito fluida e bastante fácil de se ler.
Gostei muito do livro, o prémio que recebeu é sem dúvida mais que merecido e vale bem a pena ler.
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