quarta-feira, 2 de setembro de 2015

"Roma" e "Império" - Steven Saylor


Hoje não venho falar de um livro, mas sim de dois livros...
Como é sabido de quem segue este blog sou um grande fã dos chamados "romances históricos" e umas das épocas e civilizações que mais me fascinam são os Romanos e o seu império.
Como se pode depreender pelo título dos livros, "Roma" e "Império" é sobre esses mesmos assuntos que eles tratam.
Steven Saylor, o autor destes livros é formado em História e também tem este período da História como preferido o que logo daí advém uma segurança quanto ao rigor dos livros em termos históricos.
Mas falando dos livros em si, o primeiro livro a ler é "Roma", que inicia a sua acção na idade do ferro, quando os primeiros povos chegam à região que hoje é Roma e aí se estabelecem, a partir daqui Steven Saylor inicia a sua "história" de Roma através de duas famílias os "Potícios" e os "Pinários" e de um amuleto que representa um deus ancestral, o "fascinum" que é passado de geração em geração pelos personagens acompanham-do-os até ao fim.
No livro "Roma" é descrita a criação da cidade Roma e todas as lendas e acontecimentos relacionados com ela, a vinda de Hércules e a luta dele com o monstro "Caco", Rómulo e Remo, e como Rómulo mata Remo e se torna rei de Roma, os reis que se seguiram, principalmente Tarquínio e o famoso episódio da violação de Lucrécia que faz com que se acabe a monarquia e se dê início à República Romana, o ataque a Roma do traidor Coriolano, (episódio onde se dá a queda da família Potício) o Decínvurato e as dozes tábuas que são a base do direito romano, a invasão e saque de Roma pelos gauleses, as guerras Púnicas com Cartago e o seu general Aníbal, os irmãos Gracos, a ditadura de Sulla e Júlio César e respectivo assassinato.
O período abrangido por este  livro termina com a morte de Cleóptra e Marco António e a coroação de Octávio como primeiro imperador de Roma.
Todos estes acontecimentos são nos descritos através da intervenção e olhar dos membros das famílias Potício e Pinário que foram intervenientes nestes acontecimentos e em que a certa altura se dá a extinção dos Potícios e sua junção aos Pinários.
No segundo livro, já temos Octávio Augusto como primeiro imperador, a época áurea do império e continuamos com a mesma fórmula, agora só temos os Pinários e é através deles que vamos conhecer os imperadores e acontecimentos mais importantes a seguir a Octávio, Tibério e Calígula com os seus excessos e devassidão, o assassinato de Calígula, e como Cláudio se seguiu como imperador, Nero com a sua excentricidade o incêndio de Roma, a perseguição dos cristãos, a entrega do império a Vespasiano após a morte de Nero, os filhos de Trajano o bondoso Tito e depois Domiciano, Trajano com a sua opulência e o livro termina com a morte de Adriano, encerrando assim cerca de mil anos da História de Roma e do seu império.
Estes dois livros estão muito bem conseguidos, Steven Saylor, tal como Max Gallo já tinha feito na sua série "Os Romanos" ao pôr a descrição dos acontecimentos através de intervenientes directos que participam e nos mostram toda a acção, ao longo das épocas faz com que o que poderia ser maçador se torne empolgante e emocionante, faz-nos sentir as emoções, as alegrias, as tristezas, os medos as inseguranças que as pessoas tinham nestas épocas tão conturbadas e efervescentes da história do Homem.
Além disso estes livros são de um rigor histórico excelente, apesar de no primeiro livro ser mais difícil porque a fundação de Roma e os seus primeiros anos são muito "dúbios", Steven Saylor descreve essas épocas e acontecimentos mais pela razão do que pela lenda, sendo exemplo disso as próprias famílias Potícios e Pinários que existiram mesmo.
O segundo livro é muito mais fácil porque a época abrangida é muito estudada e conhecida, sendo fácil seguir o rigor histórico.
Outra coisa que adorei nestes livros para além da acção é a descrição da sociedade Romana, os seus usos, costumes, religiões, mitologias, política, a mutação da cidade em si, o seu crescimento desde uma pequena aldeia até ser o centro do mundo, os seus monumentos, a via ápia, o panteão, o coliseu, a coluna de Trajano, e a sua urbanidade.
Estes livros são a meu ver "obrigatórios" a todos os que se interessam por Roma e pelos Romanos e que queiram saber mais sobre isso através de visão participativa em vez dos livros académicos, gostei imenso e recomendo.


2 comentários:

Carlos Faria disse...

Não conhecia este autor e vejo que é historiador de formação. Também gosto de romances históricos sobretudo quando têm uma mensagem para a atualidade, embora por vezes estes possam ser menos fáceis de leir.
Vejo que mesmo o segundo livro não termina com a queda de Roma, por isso é provável que venha a nascer um terceiro volume.
Sobre esta época recomendar-lhe-ia duas obras interessantes: "Eu, Cláudio" de Robert Graves, embora este seja mais uma descrição do período louco dos imperadores que o antecederam ainda em vida dele a começar em Augusto e pouco reflexão nos leva. "Memórias de Adriano" de Marguerite Yourcenar, este sim, mais denso e cheio de reflexões do pretenso autor da autobiografia, onde muitas das coisas mesmo chocantes são vistas na perspetiva do interesse do império e da justiça.
Também falam de os 12 imperadores escrito por Suetónio, mas nunca li.
João Aguiar também tem 3 livros muitos interessantes que nos informam muito do território da lusitânia desde a conquista romana até ao seu declínio: A voz dos deuses, sobre Viriato, A hora de Sertório, a resistência com este romano aliado, e o Trono do Altíssimo, mais ficcional mas o declínio do império e a transição do paganismo para o cristianismo em Bracara Augusta.

Maria Rita disse...

Fui uma péssima aluna a História durante o Secundário, daí que pouco procure a leitura dedicada à História, para além de alguns livros que tenho lido sobre a História de Portugal. Não conhecia o Autor nem os livros.
Mesmo sem gostar de História, a de Roma sempre me despertou interesse e muito mais curiosa fiquei desde que a visitei. A descoberta deste blog foi uma boa surpresa porque, pertenço a uma família Pina.
Tenho feito algumas pesquisas sobre a origem da família e a cada descoberta, cresce o desejo de continuar.
Segundo a genealogia, os Pinas de Aragão descendem dos aristocratas romanos Pinários, que se deslocaram até Ebro de Aragão e aí fundaram a vila de Pina. Um Fernão Fernandez de Pina, terá vindo de Ebro-Aragão, como embaixador do Rei D. Pedro de Aragão, negociar o casamento de D. Isabel de Aragão com D. Diniz de Portugal. D. Diniz ter-lhe-á dado a alcaidaria de castelo Vide e por cá ficou. Um dos seus descendentes casou na Guarda dando origem à família Pinas da Guarda ou do Norte e dos quais julgo descender, com o seu solar em Linhares da Beira. Outro dos seus descendentes casou em Estremoz e deu Origem à família Pinas do sul. Por sua vez um descendente deste, Lopes Fernandes de Pina casou em Montemor-o-Novo e lá construiu o seu solar.
Ora, partido do prossuposto que o resultado da minha pesquisa é credível, faltava-me ir às raízes - aos Pinários Romanos. O pequeno texto sobre o livro "ROMA" trouxe-me alguma luz sobre o que procuro. E é por isso que digo que a descoberta deste blog foi uma boa surpresa. O meu muito obrigada