sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Últimas aquisições

Hoje foi um dia muito profícuo na aquisição de novos livros.
Comecei logo o dia, a receber como oferta do meu irmão mais novo, o último livro de António Lobo Antunes - "Sôbolos Rios Que Vão", livro esse que ainda estava em falta para ter todos os livros dele na minha biblioteca.


Depois de almoço e aproveitando ter o dia de hoje de folga e apesar do frio, decidi ir a Lisboa dar um passeio, aproveitando para ir à Trama conhecer a nova loja.
Sendo assim lá rumei eu ao Rato até à livraria Trama.
Chegando à Trama, não consegui entrar, porque a Catarina tinha a entrada "atravancada" de caixas de cartão velhas e estava à espera que as viessem buscar, nisto chegou um senhor numa carrinha e ajudei a Catarina e outro rapaz que penso que seja o Ricardo a pôr as caixas na carrinha.
Por fim entrei e fiquei triste, a "nova"Trama não tem nada a ver com a "antiga", o espaço é muito mais pequeno, os livros estão bem arrumados mas em estantes altíssimas o que dificulta a visão dos títulos, não há aquele espaço onde se podia sentar e apreciar os livros, o barzinho onde inclusivé foi feita uma edição da tertúlia do BBdE também não existe, mas é compreensível, porque a venda de livros em Portugal nomeadamente nestas livrarias independentes não é rentável e por isso torna-se muito difícil sustentar um espaço com condições no meio de Lisboa.
Mesmo assim valeu a pena lá ir, eles são muito simpáticos e há sempre livros de qualidade que não se vêem nas grandes superfícies.
Como devem de calcular não vim de mãos a abanar.
Comprei o livro de poemas "Rusga" de Vasco Gato com edição da própria livraria Trama, o conjunto de contos de Marcel Proust com o nome de "Raça Maldita" e já que estava numa "onda" de contos, comprei também "Noites Na Granja Ao Pé De Dikanka" do escritor Russo Nikolai Gogol.


 Não satisfeito ainda, apanhei o metro até ao Chiado e fui à Bertrand (o oposto da Trama em tudo), onde comprei "Uma Viagem à India" do Gonçalo M. Tavares e o último do escritor Norte-Americano Michael Cunningham - "Ao Cair Da Noite".

 O que vale é que dias como este não acontecem sempre, senão as finanças iam por aí abaixo...

Cesariny


Faz hoje quatro anos que Mário Cesariny partiu.
No dia 26 de Novembro de 2006, Mário Cesariny de Vasconcelos falecia de cancro da próstato aos 83 anos de idade.
Cesariny, um dos maiores poetas e também artista plástico português, foi o grande impulsionador do movimento surrealista em Portugal.
Viveu uma vida conturbada, primeiro na sua juventude porque o pai não queria que ele seguisse o caminho das artes e depois até ao 25 de Abril de 1974 pelo fascismo na figura da PIDE devido aos seus escritos e à sua assumida homossexualidade.
Foi sempre uma pessoa reservada, apenas se dando mais a conhecer ao fim da sua vida, tendo participado inclusivé num documentário em 2004 em que ele "conta" toda a sua vida.
Perdeu-se um grande artista e um grande Homem, mas felizmente a sua arte tanto escrita como pictórica perdura, sendo até no caso da literatura reeditada várias vezes para  a podermos apreciar e lê-la.
Deixo um pequeno poema dele:

"Em todas as ruas te encontro"


"Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco"

Mário Cesariny

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Parabéns José Saramago


Se fosse vivo, José Saramago faria hoje 88 anos de idade, mas infelizmente deixou-nos há poucos meses atrás.
Saramago como todos sabem e apesar de todas as polémicas que rodearam a sua vida foi um grande escritor, um grande pensador, deixou-nos livros fabulosos como o "Memorial do Convento" ou o "Ensaio Sobre a Cegueira" e pôs a língua Portuguesa de novo no "mapa" literário mundial, sendo laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Eu pessoalmente sou um grande apreciador de Saramago, naturalmente discordei com algumas intervenções mas concordei com outras.
A sua morte foi uma grande perda tanto para Portugal como para o mundo mas o que interessa em pessoas como o Saramago é que a sua obra irá perdurar, por isso...
Feliz aniversário José Saramago!!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"A Consciência de Zeno" - Italo Svevo

Um dos vários livros que li ultimamente e neste (infelizmente) largo periodo em que não postei nada aqui no blog, foi este "A Consciência de Zeno" do escritor Triestino Italo Svevo.
Esta edição que li é a da Dom Quixote e faz parte da colecção "Biblioteca Lobo Antunes" que são livros por ele escolhidos e por ele prefaciados.
Antes de falar do livro e da estória do mesmo, vou falar um pouco do seu autor, Italo Svevo.
Italo Svevo nasceu na cidade (agora) italiana de Trieste nos anos sessenta do sec. XIX, o seu nome verdadeiro é Aron Ettore Schmitz, adoptando mais tarde o pseudónimo de Italo Svevo pelo qual ficou conhecido.
Infelizmente enquanto Svevo foi vivo, a sua obra não foi reconhecida, razão pela qual ele nos deixou tão poucos livros, apesar de tudo e como "há razões que a própria razão desconhece", Svevo teve a sorte de ter como seu professor/explicador de ingles James Joyce, que leu alguns dos seus textos e reconheceu logo o enorme talento que Svevo tinha. Joyce e Svevo traduziram esta obra para francês, para ser publicada em Paris onde conheceu algum sucesso mas apesar disso tudo, como atrás disse a carreira literária de Svevo foi muito pequena porque ele se dedicava mais aos seus negócios do que à literatura.
Felizmente deixou-nos esta grande obra, de uma enorme qualidade mas ao mesmo tempo divertida e irónica.
O livro trás-nos a "biografia" de Zeno Cosini que na sua luta interminável para deixar de fumar procura a ajuda de um psicanalista e este sugere-lhe como forma de tratamento que ele escreva a história da sua vida e que com isso descubra a razão pela qual não consegue deixar de fumar.
A partir daqui e sempre com um relação de amor/ódio com o psicólogo Zeno vai descrever toda a sua vida, num tom semi cómico e irónico ele relata as peripécias que passou, desde o relacionamento com o seu pai, a escolha da sua esposa, a sua (não) queda para os negócios, as atribulações com as amantes e a sua velhice.
O livro é absolutamente delicioso, com passagens extremamente divertidas e bastante fácil de se ler.
Lobo Antunes deixou-nos este pequeno resumo que mostra bem o que o livro é.

"A Consciência de Zeno é um livro magnífico, todo em contenção apesar dos abandonos aparentes. É muito curiosa a forma como o autor pega e larga no texto que começa pela vontade de um homem em deixar de fumar e que Svevo, frase a frase, transforma numa vida inteira, através de uma escrita personalíssima."
António Lobo Antunes

De facto é sem dúvida um livro que vale a pena ler.