domingo, 28 de março de 2010

Bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano


Faz hoje duzentos anos que nasceu esse grande escritor, humanista e historiador que foi Alexandre Herculano.
Alexandre Herculano a par de Almeida Garrett foi introdutor do género literário Romantismo em Portugal, foi igualmente um grande pensador e Humanista, escreveu a primeira História de Portugal em que foram utilizados métodos científicos e de rigor histórico.
Na sua juventude envolveu-se na guerra civil, participando mesmo na luta armada que opôs os absolutistas partidários de D. Miguel I aos liberais, partidários de D. Pedro IV, lado pelo qual ele como Homem culto e amante da liberdade lutou juntamente com Garrett.
Ao contrário de Garrett nunca quis cargos políticos, acabando mesmo por se "autoexilar" na sua quinta em Vale de Lobos (Santarém) aí acabando por morrer de doença em 1877.
Na sua obra literária podemos destacar os seus romances históricos em que "Eurico o Presbítero" será o seu expoente máximo, para além deste romance realço também "O Bobo" e as fabulosas "Lendas e Narrativas". Herculano também foi um esplêndido poeta apesar de essa sua faceta ser menos conhecida.
Tenho pena que um Homem que tanto deu pelo seu país, tanto na área artística como na científica e social seja tão pouco divulgado e esquecido, o exemplo perfeito disso são as comemorações do bicentenário do seu nascimento em que pouco ou nada foi feito ou divulgado.
Para mais informações sobre Alexandre Herculano deixo o link para o artigo sobre ele na wikipédia que está bastante completo.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Herculano
Deixo também um poema para apreciarem
A Graça

Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?

És tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?

Oh, sim!, és tu, que na infantil idade,.
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d'ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!...
Esta é a minha pequena contribuição e homenagem a este grande Homem - Parabéns Herculano!

domingo, 21 de março de 2010

Porque hoje é o Dia Mundial da Poesia

Um Epílogo

Quando estes poemas parecerem velhos,
e for risível a esperança deles:
já foi atraiçoado então o mundo novo,
ansiosamente esperado e conseguido
- e são inevitáveis outros poemas novos,
sinal da nova gravidez da Vida
concebendo, alegre e aflita, mais um mundo novo,
só perfeito e belo aos olhos de seus pais.

E a Vida, prostituta ingénua,
terá, por momentos, olhos maternais.

Jorge de Sena, in 'Coroa da Terra'