quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Reviver o Passado em Brideshead - Evelyn Waugh


O meu interesse neste livro surgiu há uns tempos e esse interesse só prova que a mente humana é uma coisa fantástica... Passo a explicar...
A minha "companheira" é uma seguidora acérrima da série de época inglesa "Downton Abbey" e eu também a vi-a com ela, mas (e aí entra a parte da mente humana/memória) lembrava-me muito vagamente de uma série do mesmo género (com o actor Jeremy Irons) que passou na RTP nos anos oitenta cujo ambiente era muito parecido, a sociedade inglesa do início do século XX e cujo nome ficou-me sempre gravado na memória, "Reviver o Passado em Brideshead".
Entretanto fiz umas pesquisas e descobri que essa série era baseada num livro e resolvi compra-lo para ler.
E aqui fica a minha opinião.
"Reviver o Passado em Brideshead", como atrás referi é passado no período entre a I e a II guerras mundiais, mas é narrada em "flashback".
Tudo começa quando em plena II guerra mundial, na Inglaterra, Charles Ryder, capitão miliciano do exército inglês é colocado mais a sua companhia de soldados numa área rural com uma enorme mansão senhorial que foi cedida ao exército, quando Charles vê onde está e reconhece o sítio, faz um retrocesso no tempo até à sua juventude e inicia a narração das suas memórias relacionadas com o sítio e com a família cuja casa e área circundante pertence.
Quando jovem em Oxford, Charles conhece Sebastian Flyte, outro jovem exuberante, rico e sensível e ambos se tornam muito amigos, mas Sebastian é um jovem que apesar de toda a sua exuberância e alegria tem muitos problemas, vive sob o peso da sua família, principalmente da mãe que apesar de inglesa é uma católica fervorosa que controla os filhos, o pai que se separou da mãe e vive em Itália com a amante, o irmão mais velho também muito controlador e igualmente religioso e Júlia a irmã que também vai ter um papel determinante na vida de Charles.
Ao longo dos anos, Sebastian vai-se degradando, torna-se cada vez mais alcoólico e isso vai causar a separação de Charles com a família Marchmain.
Anos mais tarde, já casado e estabelecido como pintor de sucesso, Charles reencontra Júlia, apaixonam-se e volta a aproximar-se dos Marchmain, até que após a morte do pai de Júlia e Sebastian voltam a separar-se.
Este livro é de uma beleza fantástica, Evelyn Waugh, que apesar do seu "mau feitio", deixou toda a sua mestria aqui, faz um retrato fiel da sociedade da época, dos "loucos anos 20", os excessos de uma juventude, o amor, a amizade e ao mesmo tempo contrapõe com o peso da religião católica, a fé e a falta dela, a rigidez da alta sociedade inglesa, criando um paradoxo com que as personagens tiveram de lidar e fazer as escolhas que determinaram a sua vida futura.
Gostei muito do livro e recomendo.
Para além da série dos anos 80, também foi feito um filme em 2008, que apesar de não estar 100% fiel ao livro, está bastante satisfatório e agradável.

Matilde Campilho




segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Digital vs Papel


Hoje vou falar não sobre um livro específico mas sobre um tema que desde há algum tempo para cá tem vindo a criar muita "discussão" no (vou chamar assim) "meio dos livros".
Qual o melhor suporte para a leitura??? O clássico livro em papel?? Ou a leitura digital???
Neste meu post sobre este assunto, vou apenas dar a minha opinião, mostrar o meu ponto de vista, não vou defender nenhuma das formas de leitura, porque uso ambas.
Eu leio praticamente desde sempre, ainda antes de entrar na escola aos cinco anos, era fascinado pelos livros do "Donald" que o meu pai tinha em casa e queria saber o que os bonecos diziam, quase que obriguei a minha avó a ensinar-me a ler ainda antes de entrar primeira classe, claro que ao entrar na escola e ao longo do meu crescimento aprendi a ler melhor e o meu gosto pela leitura foi evoluindo, e o livro sempre me acompanhou desde aí.
Naturalmente que sempre li em papel, mas desde o advento da tecnologia e com a criação da leitura digital as coisas mudaram um bocadinho...
Há cerca de três anos comprei o meu primeiro tablet e logo aí uma das primeiras coisas que fiz foi instalar aplicações de leitura, decidi experimentar... Sim porque apesar do meu amor aos livros e à leitura, acho que tudo tem uma evolução.
Desde essa altura comecei a ler no tablet, entretanto já troquei de tablet para um melhor e continuei a ler, mas a leitura nos tablets tem desvantagens, a bateria dura pouco e a iluminação é muito forte para se passar muito tempo a ler, os meus olhos e a minha cabeça começaram a sentir-se, então decidi dar o passo seguinte, comprar um leitor digital específico para leitura os famosos "ereaders".
Já tinha pensado nisso anteriormente, mas como lia bem nos tablets achei que apenas ia duplicar os aparelhos e como o tablet serve para muito mais coisas do que só para ler deixei-me ficar, mas pelas razões atrás descritas, a semana passada e após alguma pesquisa sobre os assunto, decidi adquirir um ereader. Dos variados modelos que por aí andam acabei por escolher o "Kobo Aura" vendido pela Fnac.
Escolhi este modelo porque do que investiguei, sempre disseram muito bem do aparelho e pela facilidade e inúmera oferta de ebooks (em português) que a loja da Kobo/Fnac tem.
Estou muito satisfeito, o ereader é muito mais leve que o tablet, a bateria tem uma duração espantosa (carreguei-o quando o comprei, há uma semana atrás, tenho-o usado com alguma regularidade e nem metade gastou), a luminosidade não "fere" a vista é como se estivéssemos a ler em papel, os contras para mim só tenho a apontar o tamanho, preferia um pouco maior este modelo é de 6" (há maiores mas mais caros) e o preço... Acho que para o tipo de aparelhos que são, limitados (apesar de o Kobo ter wi fi e pode-se ir à net nele mas de uma forma limitada), não são tablets e há tablets bem mais baratos...
Agora se prefiro os ereaders ao livro "clássico"??? Evidentemente que não, ler um livro é sempre ler um livro, é uma coisa mágica, o objecto livro está carregado de simbolismo e emoção e nunca irei abdicar disso, aliás continuo a comprar livros como fazia antigamente. Mas o ereader tem outros atributos, a portabilidade, o conforto para mim que ando muito de transportes públicos isso é excelente, levo o ereader no saco ou na mochila, não pesa nada, não ocupa espaço e capacidade de armazenamento também nos permite (como no meu caso que por motivos profissionais por vezes tenho de viajar muito, por largos períodos de tempo e com pouco espaço para levar livros) ter um leque vasto de leitura num espaço mínimo.
Na minha opinião a leitura digital não vai "matar" o livro como alguns "arautos da desgraça" e "velhos do restelo" tanto profetizaram (pelo menos num futuro a curto e médio prazo) mas vem sim complementá-la, acho que quem lê nos ereaders também lê em papel, há situações para ambos os casos, eu pelo menos penso assim, mas acima de tudo acho que mais importante ainda do que o tipo de suporte da leitura, o mais importante é ler, adquirir conhecimento, cultura e prazer, isso sim é mais importante do que tudo o resto.

domingo, 16 de agosto de 2015

"Os Cadernos de Pickwick" - Charles Dickens



Quando se pensa em Dickens, vem-nos logo à memória livros como "Oliver Twist", "David Copperfield", "História de Duas Cidades" e o famosíssimo "Um Conto de Natal", livros em que Dickens nos traça uma visão pesada da difícil vida na Inglaterra vitoriana, o advento da revolução industrial, do capitalismo, as terríveis condições das classes mais baixas, com pobreza extrema e a exploração das classes pobres.
Com este "Os Cadernos de Pickwick", Dickens também nos traça igualmente uma visão crítica da Inglaterra da época, mas sob um olhar irónico, satírico e cómico.
Este livro, que originalmente não era um livro em si, mas um "folhetim" que foi publicado em vinte fascículos com ilustrações foi escrito entre 1836-1837 na juventude de Dickens, sendo quase de imediato um grande sucesso que muito contribuiu para a enorme fama como escritor que Dickens teve posteriormente.
Este livro tem como enredo, um suposto clube cujo presidente seria o Sr. Pickwick, personagem de alguma idade, com bastantes posses e solteiro que na sua reforma cria este clube como "base" para as suas viagens e adquirir com isso conhecimentos culturais e sociais, que depois seriam discutidos e debatidos entre os membros desse mesmo clube.
Pickwick, sempre acompanhado por três companheiros, inicia então o seu périplo pelos condados e regiões do sul de Inglaterra, onde irá passar por uma série de peripécias, situações rocambolesca, algumas até mesmo estapafúrdias  e inverosímeis, mas que no contexto da ação encaixam perfeitamente como situações naturais.
Apesar das situações cómicas deste livro, para mim, a grande alma do mesmo são sem dúvidas as suas personagens, para além de Pickwick, temos também os seus companheiros de aventuras e membros do clube que o acompanham sempre e também são parte importante como se verá ao longo do livro e temos especialmente Sam Weller, o criado de Pickwick, uma espécie de "Sancho Pança" que é uma das pedras fulcrais do livro, (foi após a entrada desta personagem na história que a procura da mesma se intensificou e tanta fama deu a este livro), com uma personalidade simples e sincera, mas extremamente inteligente e acima de tudo com uma lealdade a Pickwick acima de tudo e todos.
Para além destas personagens principais existem também toda uma série de outras personagens que vão desde ricos fazendeiros e as suas filhas "coquettes", vigaristas e oportunistas, advogados, juízes, caixeiros viajantes, cocheiros, boémios estudantes, senhorias solteiras e viúvas sempre prontas a casar novamente, jornalistas e políticos, enfim toda a sociedade inglesa da época desde a a mais alta à mais baixa, classe essa tão bem retratada nos capítulos referentes à prisão de Fleet.
Tal como nos seus livros seguintes Charles Dickens traz-nos neste livro uma visão muito crítica da Inglaterra da época, do seus usos e costumes, da sua justiça e leis que para uns (ricos) era extremamente flexível e para outros (pobres) de uma rigidez extrema, da política e a sua organização eleitoral, do jornalismo, dos hábitos sociais tanto das grandes cidades como Londres como das povoações mais pequenas, enfim um relato que apesar de muito irónico, satírico e cómico não deixa de ser completo e acertado.
Este livro é extremamente delicioso de se ler, consegue arrancar-nos umas boas gargalhadas e um sorriso que nos acompanha desde o princípio ao fim.

"Lista de espera"



Bom, como adoro ler e tenho este impulso incontrolável de comprar livros e  por vezes não tenho o tempo desejável para colmatar este vício, faz com que haja certas alturas em que a "lista de espera" dos livros vai aumentado, criando depois situações como a que me encontro agora...
Terminado o livro a que me tinha dedicado ultimamente, olho para a "lista de espera" e sinceramente nem sei o que irei ler a seguir... Os livros começam a empilhar-se, a diversidade é tanta que eu quase que entro em desespero pois não consigo decidir qual ler...
Sendo assim dividi os livros em duas categorias "Romance histórico" e "Romance" e peço a vossa ajuda para me ajudar a decidir qual livro irei ler em seguida...
Portanto na "categoria" de Romance histórico, tenho:

"O Corsário dos Sete Mares" e "O Navegador da Passagem" de Deana Barroqueiro
"O Almirante Português" - Jorge Moreira Silva
"Grandes Batalhas Navais Portuguesas" - José António Rodrigues Pereira (sendo que este livro é não ficção)
"As Garras da Águia" - Simon Scarrow
"As Sete Maravilhas do Mundo" - Steven Saylor
"Lendas e Narrativas" (vol. I e II) - Alexandre Herculano

Na "categoria" de romance são:

"Os Buddenbrook" - Thomas Mann
"A Minha Luta" (vol. I e II) - Karl Ove Knausgard
"Stoner" - John Williams
"Canada" - John Ford
"O Príncipe Negro" e "Uma Cabeça Decepada" - Iris Murdoch
"A Senda Estreita para o Norte Profundo" - Richard Flanagan
"Deixa Lá / Más Novas" Vol. I e II da "Família Melrose" - Edward St. Aubyn
"Auto-de-Fé" - Elias Canetti
"Reviver o Passado em Brideshead" - Evelyn Waugh

Nesta última lista, sendo que a saga "A Minha Luta" de Knausgard e "A Família Melrose" de St. Aubyn, ainda não estarem completas, penso que irei aguardar pelos restantes livros para ler todos de seguida, todos os restantes estão "prontos para a acção"!!!!
Deixem a vossa opinião (caso queiram ajudar-me) nos comentários
Obrigado

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

"As Crónicas Saxónicas" - Bernard Cornwell


Tal como já referi em posts anteriores, um dos meus géneros preferidos de leitura é o chamado "romance histórico" porque alia duas das coisas que eu mais gosto, a leitura e a Historia, disciplina pela qual eu sempre fui apaixonado.
Dentro dos "romances históricos" há vários géneros, uns mais "sérios" e fieis aos acontecimentos em si e outros que apesar de serem também rigorosos na parte "científica" em si, permitem-se a criar situações e ações, que apesar de serem fictícias, mostram-nos à mesma os acontecimentos e a vida da época retratada mas por outros olhos. 
Um dos autores que mais utiliza essa última técnica é o britânico Bernard Cornwell, autor que eu já falei aqui no blog, devido a outra saga escrita por ele "Sharpe", que retrata as aventuras do herói com esse nome na altura das guerras Napoleónicas, principalmente na chamada "Guerra Peninsular" passada em Portugal e Espanha.
"As Crónicas Saxónicas" são tal como as "Aventuras de Sharpe" centradas numa personagem "Uhtred de Bebbanburg" sendo ele próprio o narrador, que sendo já velho vai contando a história da sua vida numa espécie de "memórias"e tudo isso se passa na ilha Britânica do séc. IX e X.
Nestes séculos, ainda não existia o país "Inglaterra", e a ilha estava dividida por vários reinos, a Escócia, Northumbria, Gales, Anglia Oriental, Mércia e Wessex, sendo "Uhtred" originário da Northumbria, (reino saxão mais a norte antes da Escócia).
A saga inicia-se precisamente na Northumbria mais propriamente em Bebbanburg, região que pertence à família de Uhtred desde a vinda dos saxões para a ilha Britânica, aí Uhtred vê a invasão Dinamarquesa, perde o seu irmão mais velho e o pai na luta contra os invasores, sendo ele raptado e criado por uma família Dinamarquesa. A partir daí Uhtred vai crescendo com os invasores, primeiro como escravo mas depois como parte integrante da família, abandona o cristianismo e converte-se aos deuses nórdicos, até que um dia a família adotiva é traída e morta, apenas escapando ele e o filho mais velho que na altura encontrava-se nas lutas na Irlanda, mas que mais tarde regressará e fará parte da saga.
Aqui dá-se a viragem na história, Uhtred tem de fugir para sul e após várias aventuras chega à corte do rei Alfredo de Wessex (o reino mais a sul da ilha Britânica e também o mais poderoso) onde se torna seu guerreiro jurado e vai combater os Dinamarqueses, auxiliando o rei Alfredo no seu sonho de criar um país único na ilha Britânica.
Mas apesar de ser próximo do rei Alfredo, a vida não é fácil para Uhtred, principalmente sendo ele pagão num reino e época de cristianismo fervoroso, vai ter vários inimigos, sofrer com intrigas e mentiras sobre ele. Além disto tudo, aquando da morte de seu irmão e pai, o castelo e as possessões de "Bebbanburg" que seriam suas por direito são-lhes roubadas pelo seu tio, sendo o maior objetivo da sua vida recuperar "Bebbanburg".
Isto aqui descrito é apenas um resumo e introdução da saga, Cornwell até este momento já escreveu oito livros, todos eles com um crescendo cronológico, retratando através de Uhtred o início e evolução da construção do país "Inglaterra" por Alfredo e seus sucessores.
Os livros em si são muito bem escritos, pormenorizados nos usos e costumes da época, as partes de ação são muito boas, as batalhas bem descritas, as lutas, o armamento, etc., tal como já nos tinha habituado no "Sharpe", o que nos cola aos livros e nos faz querer ler todos de uma assentada (tal como eu fiz), sendo que o último livro saiu recentemente na Inglaterra e nos Estados Unidos e eu nem esperei pela versão traduzida, li-o logo em inglês...
Eu li esta saga numa versão digital, porque apesar de já ter visto à venda um ou dois livros desta saga editados em português pela editora Planeta, penso que não os há todos editados por cá, o que é uma pena, sei que a "Saída de Emergência" está a editar outros livros deste autor pode ser que estes também sejam editados por eles, sendo que... a BBC está a fazer uma série de TV (ao género da "Guerra dos Tronos") desta saga que irá estrear em outubro, pode ser que sirva de incentivo...
A ordem dos livros para que esteja interessado em ler é esta:

- O Último Reino
- O Cavaleiro da Morte
- Os Senhores do Norte
- A Canção da Espada
- Terra em Chamas
- Morte dos Reis
- O Guerreiro Pagão
- The Empty Throne (ainda sem título em português)

Eu adorei esta saga, tem ação q.b., história, intriga, mistério, tudo o que é necessário para ser uma leitura que nos dá prazer e satisfação sem entrar em enredos muito complicados e desnecessários, aconselho. 

domingo, 9 de agosto de 2015

"Amadeo" - Mário Cláudio



Mário Cláudio escritor e poeta, nascido no Porto e com uma vasta obra literária, mostra nos neste seu “Amadeo” que um livro não precisa de ser extenso para ser uma grande obra literária.
O tema principal neste livro é a biografia “romanceada” do grande pintor português do início do século XX Amadeo de Souza-Cardoso. Mas para isso Mário Cláudio usa uma história paralela que serve de suporte à biografia do pintor.
Temos então duas acções paralelas que apesar de distintas uma da outra se complementam entre si.
A acção inicia-se com a biografia em si, com uma descrição da famosa casa de “Manhufe” em Amarante, o ambiente da casa, as criadas, o caseiro, a cozinheira e de tudo à volta dela, o Marão, os campos, a natureza Transmontana e depois é intercalada com o início da outra acção onde na forma de um diário, em que o narrador (cujo nome só saberemos no fim do livro) vai-nos mostrando como a biografia está a ser construída por “Papi” seu tio, um médico retirado cocainómano que vive atormentado pela escrita da biografia de Amadeo e pela decadência da sua quinta em que ambos vivem juntamente com uma criada alcoólica o marido e seus filhos.
A partir daqui as duas narrativas vão crescendo e tal como disse atrás complementando-se, Amadeo passa da infância para a adolescência, vai para Coimbra estudar, depois para Lisboa, desilude-se com Portugal, vai para Paris, onde tem uma relação conturbada com outros portugueses, partilha um estúdio com o pintor italiano Modigliani, casa-se com Lúcia, regressa a Portugal aquando da I Guerra Mundial onde acaba por falecer de pneumonia. Tudo isto intercalado com o diário do narrador que conta também os infortúnios de “Papi”, a investigação e a dificuldade que tem com a construção da biografia e a sua própria decadência.
No final, ambas as histórias terminam com um final trágico, a morte de Amadeo e… (têm de ler o livro para saber)
Neste livro que apesar de pequeno Mário Cláudio mostra-nos toda a sua mestria como escritor, utilizando uma linguagem cuidada e (a meu ver) melancólica, dando um ambiente emotivo e de época.
Com este livro Mário Cláudio recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Autores.

Falta dizer que li a edição de bolso da colecção “BIIS” da Leya e não consegui descobrir mais nenhuma edição (e mesmo esta foi difícil).