domingo, 24 de agosto de 2008

Master and Commander

Como já devem de ter reparado, um dos meus temas literários preferidos, são os romances históricos, já referi vários deles, no Pipasblog e neste blog, a série Alatriste.
Naturalmente, este próximo comentário é sobre outra série de romances históricos que eu igualmente aprecio e muito.
Os livros em questão, são as aventuras do capitão Jack Aubrey e do médico seu amigo Stephen Maturin, na série "Master and Commander", que retrata a vida da Royal Navy (Marinha de Guerra Inglesa) no princípio do séc XIX, durante as guerras napoleónicas.
Recentemente esta série deu origem a um esplêndido filme, com Russell Crowe a desempenhar o papel do capitão Aubrey de uma forma exemplar.
Este livros, são escritos por Patrick O'Brian, escritor inglês que iniciou a série nos anos 70 do séc. XX e conta já com 20 livros publicados só desta série, tendo igualmente uma vasta obra publicada relacionada com outros temas.
O rigor histórico nesta série é impressionante, tal como a vida a bordo e toda a parte naútica descrita.
Os pormenores são exaustivos, as descrições das acções de marinharia, navegação, todo o aparelho do navio, (parte relativa à manobra do mesmo, desde as velas, mastros, lemes, etc.), é descrito com uma intensidade tal, que nos faz pensar que pertencemos à tripulação dos navios e que os estamos a manobrar ou a participar nas diversas acções, como as fainas de velas, por exemplo.
Igualmente, a parte humana também é magnificamente retratada, as relações entre os marinheiros, a vida a bordo com todas as suas dificuldades, a hierarquia militar, tudo é levado ao pormenor sem descurar nada.
Eu, devido à minha vida profissional, posso assegurar que assim foi e ainda são, algumas das coisas descritas nos livros, referente à vida a bordo.
Os livros, para além de muito rigorosos nos aspectos atrás referidos, também estão repletos de acção, combates navais, abordagens, lutas corpo a corpo, todo esse lado que faz parte das guerras navais da época, especialmente neste periodo em que Ingleses e Franceses lutavam pelo domínio dos mares, tornando assim os livros empolgantes, absolutamente fantásticos e viciantes, nunca se tornando monótonos.
Em Portugal, só tenho conhecimento da publicação de três livros da série, respectivamente os três primeiros, pela ASA.
Os títulos dos mesmos são:
- Capitão de Mar e Guerra
- Capitão de navio
- A Fragata Surprise
Tal como na série do Capitão Alatriste, continuo à espera da publicação de mais alguns pela parte das editoras portuguesas, (senão há sempre a Amazon, para quem saiba ler inglês).
Uma proposta que deixo, é a aquisição do conjunto (igual ao que eu adquiri) dos três livros mais o DVD do filme, que se pode encontrar em alguns hipermercados por um preço bastante razoável.
Fica mais uma sugestão de leitura espero que gostem.
Fiquem bem
Pipas

THE END

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...I want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Poema dum Funcionário Cansado



A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só


António Ramos Rosa

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O Vale da Paixão


O último livro que terminei de ler, foi "O Vale da Paixão", da escritora portuguesa Lídia Jorge.
Este livro, retrata um periodo de cerca de 40 anos, numa família rural algarvia.
Toda a acção, gira em torno das lembranças de um dos elementos da família, a filha/sobrinha/neta mais velha, que através dos seus actos, nos dá a conhecer a história do livro.
Essa personagem, vai traçar um retrato composto de memórias, centradas noutro personagem principal, "Walter", o filho mais novo do clã Dias.
Walter, cedo se torna o filho "rebelde", não querendo trabalhar nos campos com a família, fugindo e desobedecendo ao pai, tendo apenas como paixão desenhar pássaros e como companhia, uma manta de soldado.
Numa das suas fugidas, Walter engravida uma rapariga, mas entretanto é enviado para a tropa pelo pai e prefere ir para a Índia cumprir serviço militar do que regressar a casa e casar.
Para limpar a honra da família, essa rapariga é casada com o irmão mais velho de Walter, Custódio que é igualmente o braço direito do pai na gestão da casa, família e negócios.
Desde o momento que Walter parte para a Índia inicia uma viagem sem fim, pelo mundo, fazendo disso o seu modo de vida, regressando apenas uma vez a casa.
É a partir desse regresso, que a história é contruída, correndo em paralelo a história de Walter, da sua sobrinha (que é mais do que sua sobrinha), e restante clã Dias, cujos filhos aos poucos "fogem" do trabalho do campo, abandonando o pai, emigrando para vários países da América para fazer fortuna.
Lídia Jorge, com este livro faz um retrato da vida e costumes de Portugal da década de 50 à de 80, através dos olhos de uma rapariga que cresce nesse periodo, que observa e participa nas mudanças profundas que ocorrem na sua família, e ao mesmo tempo na busca que ela faz ao seu passado, para se poder reconciliar com o presente.
O livro tem um linguagem muito íntima, suave e melancólica, é uma história muito bonita que se lê muito bem.
A autora, com este livro recebeu vários prémios literários o que demonstra bem a qualidade do livro e a dela, sendo a meu ver uma das melhores escritoras portuguesas da actualidade.
Espero que gostem.
Pipas

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Interrogação



Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.

Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.

Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.

Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro o olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.

Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

Camilo Pessanha

domingo, 17 de agosto de 2008

Os Cus de Judas



Recentemente li mais um livro de um dos maiores escritores Portugueses vivos.
O livro em questão é "Os Cus de Judas" de António Lobo Antunes, apontado por muitos como o nosso próximo "Nobel da Literatura".
Este livro, o segundo na sua já vasta carreira, publicado em 1979 é uma espécie de relato, profundo, duro e intimista sobre a sua experiência, durante os 27 meses que serviu como Alferes/Tenente milicano médico na guerra colonial, mais propriamente em Angola.
O livro, funciona como uma espécie de diálogo entre ele a uma outra personagem feminina, que se inicia num bar de noite e continua noite dentro até de manhã na casa dele.
Dividido em 23 capítulos, identificados com as letras do alfabeto, cruza o presente (da época em que foi escrito o livro), com o passado, através da descrição da guerra.
Os episódios em relação à guerra são duros, vistos com a intensidade de quem neles participou, com uma linguagem própria, sem pudor e sem esconder nada, descrevendo a violência exterior da guerra, com os combates, mortes, feridos, sangue, etc., como a interior própria de quem nela participava, com os seus conflitos morais ou ausência deles.
Os intervenientes são apresentados como pessoas normais, que sujeitas à situação particular da guerra que respondem às situações de diversas maneiras, mostrando a natureza humana debaixo de condições adversas..
Fica também demonstrado neste livro uma crítica muito grande ao regime, tanto nos acontecimentos relativos às intervenções de inspectores da PIDE no terreno, como às chefias militares e políticas em Lisboa.
Adorei este livro, não é de leitura fácil e tem passagens muito fortes, tal como os restantes livros de Lobo Antunes é para ser lido com muita calma, paciência e gosto.
Mostra uma fase difícil na história portuguesa contemporanea, que deixou feridas, físicas e psicológicas a uma geração inteira de jovens que foram enviados para a guerra, sem saber muito bem porquê...
Recomendo este livro a todos.
Pipas

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Capitão Alatriste

Boas amigos(as), hoje venho falar-vos de uma série de livros que recentemente li.
A série, por enquanto apenas três, publicados em Portugal pela ASA, chama-se "As Aventuras do Capitão Alatriste"
Estes livros, escritos pelo consagrado escritor Espanhol, Arturo Pérez-Reverte, autor do famoso Clube Dumas e outros que já comentei no Pipasblog, retratam as aventuras de um "espadachim" na Espanha do séc. XVII, durante o reinado de Filipe IV.
Diego Alatriste, personagem central dos livros, é um ex-soldado que combateu nas guerras das Flandres e Itália, sendo em tempo de paz, na Madrid decadente e perigosa, uma "espada a soldo", que vende os seus serviços de soldado a quem necessita.
As aventuras e desventuras de Alatriste, são narradas por Inigo Balboa, um jovem cujo pai foi companheiro de armas na Flandres e que lá morreu em combate, pedindo a Alatriste que cuida-se dele.
Inigo, narra as aventuras de Alatriste, na 1ª pessoa porque participa nelas e tem mesmo participação principal em algumas delas, para além de Inigo, também fazem parte das aventuras, nomes famosos da Espanha dessa altura, como o poeta Quevedo e o pintor Velazquez.
Nos dois primeiros livros, Alatriste envolve-se em conspirações e intrigas nacionais e até mesmo internacionais, ganhando com isso inimigos muito poderosos na corte, mas também alguns amigos.
No terceiro livro Alatriste e Inigo, voltam às guerras da Flandres, entretanto recomeçadas e aí lutam por Espanha, sofrendo todas as vicissitudes que os soldados sofrem nas guerras.
Reverte, com esta série de livros, retrata de uma forma interessante e aventureira, mas sem nunca faltar ao rigor histórico, um periodo, chamado de "século de oiro" na história de Espanha, que nessa altura controlava meio mundo, Portugal incluido, sendo a época do reinado dos Filipes de Espanha no nosso país.
Estes livros trazem também um género literário que tem o seu expoente máximo nos "Três Mosqueteiros" de Dumas, que são as aventuras de capa e espada, que ultimamente têm sido esquecidas.
Eu adorei ler estes livros, repletos de acção, bem estruturados e fáceis de ler, uma leitura fácil e agradável, que inclusivamente já deram origem a filme, com Viggo Mortensen no papel de Alatriste.
Acho que estes livros são uma óptima leitura para todos, mas especialmente para adolescentes, são bons livros para despertar o interesse da leitura.
Os livros publicados em Portugal são:
- O Capitão Alatriste -ASA
- Limpeza de Sangue - ASA
- O Sol de Breda - ASA
Aguardo com impaciencia a publicação dos restantes.
Fiquem bem
Pipas

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Cesariny


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny (1923-2006)

O que eu leio...


Olá amigos(as), decidi iniciar um novo Blog!
Este blog, vem ao encontro de uma vontade minha e que mais ou menos acontecia no meu/vosso outro blog, o Pipasblog.
No Pipasblog, falo sobre variadíssimos temas: sociais, políticos, culturais, etc., etc., e uma das coisas que eu costumo falar, é sobre literatura.
Quem me conhece, sabe que adoro ler, sou um eterno apaixonado pela literatura, seja qual for a sua forma, desde os ensaios, aos romances, e até à poesia, leio de tudo um pouco.
Igualmente no Pipasblog, tinha por hábito deixar pequenas sugestões de leitura, descrições e opiniões sobre os livros e autores que ia lendo.
Claro que não fazia isso a todos, porque o blog é generalista e eu sou um ávido consumidor de literatura, não me permitindo dedicar-me com mais afinco a isso.
Sendo assim, decidi "separar as àguas" e criar este novo blog, em que me dedicarei em exclusivo à literatura, tendo mais liberdade e espaço para isso, portanto a partir de hoje as minhas opiniões literárias vão começar a ser deixadas aqui.
Evidentemente, que não sou nenhum critico literário e não é meu objectivo o ser, por isso as minhas ideias e descrições sobre livros e autores que vou deixar por aqui, são particulares e têm apenas a ver como o meu gosto pessoal, não sendo influenciadas por nada nem ninguém, visto que tanto leio autores clássicos e/ou consagrados, como leio autores mais "light", sem qualquer preconceito intelectual, estou aqui, mesmo só pelo prazer da leitura.
Naturalmente o Pipasblog não vai acabar, vou continuar a escrever lá, com a regularidade que possa e sobre os mesmos temas que tenho vindo a falar até hoje, inclusivé a deixar pequenos poemas, como habitualmente faço.
Espero que frequentem este novo blog como frequentam o Pipasblog e conto com os vossos comentários, críticas e até mesmo sugestões de leitura, para serem postas e discutidas aqui.
Fiquem bem
Pipas