terça-feira, 15 de setembro de 2015

"O Fio da Navalha" - Somerset Maugham


Este é o primeiro livro que leio de Somerset Maugham, escritor britânico que nasceu e morreu em França e que durante a sua longa vida percorreu o oriente, onde foi buscar muita da inspiração para a sua também extensa obra literária, sendo este livro um exemplo disso mesmo.
Este livro de Somerset Maugham, é nos contado na primeira pessoa, sendo o próprio escritor, narrador e participante na acção.
Maugham, numa das suas viagens ao oriente faz uma escala de várias semanas em Chicago, onde é convidado para um almoço por Elliott Templeton, um comerciante de arte e "socialite" Norte -Americano mas radicado em Paris seu conhecido, nesse almoço Maugham conhece a irmã de Elliott, Louisa Bradley, a sua filha Isabel e o respectivo namorado Larry Darrel que é sobre quem se centra toda a acção deste livro.
Larry Darrrel durante a I Guerra Mundial, serviu como piloto da Força Aérea em França, aí vê o seu melhor amigo a morrer para o salvar durante um combate aéreo e isso o vai transformar para o resto da vida.
Com o fim da guerra, após o regresso aos Estados Unidos, Larry começa a namorar Isabel e torna-se noivo dela, mas Larry voltou mudado, não tem interesse por nada, não sente vontade de trabalhar, torna-se apático, mas com com uma enorme sede de conhecimento.
Naturalmente para a efervescente sociedade Norte-Americana da década de 20 do século passado isso é considerado estranho e a família de Isabel tem muitas reservas, mas o amor de Larry por Isabel e de Isabel por Larry é muito forte e vai seguindo em frente apesar de tudo.
Larry decide voltar à Europa, nomeadamente Paris durante dois anos para a sua "busca" de conhecimento e Isabel decide esperar por ele. Ao fim desses dois anos aproveitando uma visita que faz a Paris e ao seu tio Elliott, reencontra Larry que cada vez mais se encontra embrenhado na sua sede de conhecimento, aí Larry que vive como um "asceta" num pequeno quarto alugado, sem se preocupar com conforto ou vida social propõe casamento a Isabel, mas Isabel que oriunda de boas famílias e sempre habituada ao conforto e à riqueza não aceita e rompem o noivado.
Entretanto, Larry desaparece, Isabel volta a Chicago onde casa com Gray Maturin, um jovem corretor na bolsa e os anos passam...
Em 1929 dá-se o "crash" na bolsa, Gray e Isabel perdem tudo, mas o seu tio Elliott que conseguiu passar incólume com a queda da bolsa, ajuda-os, vai viver para a Riviera Francesa e cede a sua casa de Paris a eles, entretanto Larry regressa e reencontra Gray e Isabel, surge uma nova personagem Sophie MacDonald que irá ter um papel preponderante para o desenlace final.
Tudo isto nos é contado através de Maugham que apesar de não ser um amigo chegado das personagens, (e talvez por essa mesma razão, se torna uma espécie de confidente deles), tem muitas conversas e desabafos com elas ao longo dos anos e é através dessas mesmas conversas e desabafos que nos relata a história de Larry e Isabel. Por ele ficamos também a saber o que foi de Larry durante os dez anos que esteve ausente, as suas viagens primeiramente pela Europa e depois pela Índia, país onde esteve durante cinco anos e onde finalmente atinge ou aproxima-se ao tão desejado "conhecimento".
Este livro para além da história de Larry e Isabel, mostra-nos a rápida mudança que houve nas primeiras décadas do século XX, onde em menos de nada se passa de uma sociedade "vitoriana", com classes sociais demarcadas, ao horror da guerra, ao renascimento e à "loucura" da década de vinte e depois novamente à crise e desespero da década de trinta que culminou com outra guerra mundial.
Outra situação também aqui retratada é a sede de conhecimento, mas um conhecimento interior, um misticismo, uma fé em algo superior seja o Deus dos cristãos ou as divindades hindus, que traz a Paz, a santidade e compreensão aos Homens.
Bastante bom e fácil de ler este livro de Maugham, considerado um dos seus melhores.

2 comentários:

Carlos Faria disse...

Só li "Servidão Humana" deste autor e gostei muito, segundo soube, é uma obra cujo protagonista tem muito da vida do autor, apesar de como normal nestes casos, alterado em aspetos importantes que o escritor achou por bem mudar ou gostaria de ter mudado na sua vida. Recomendo verdadeiramente o livro, este está na lista dos que desejo ler.

Pedrita disse...

faz tempo que li e gostei muito. bejios, pedrita