A Minha Mulher, é um conto do escritor Russo Anton Tchekov, muito conhecido pelas suas histórias curtas (como é o caso desta), mas principalmente pelas várias peças de teatro maravilhosas que escreveu como a Gaivota ou o Tio Vânia.
Neste pequeno livro livro, tendo como base uma grave fome que alastra numa aldeia de camponeses na Rússia, Tchekov aborda um casamento fracassado, as suas causas e efeitos.
Pavel Anndreievitch, um alto funcionário público russo reformado, ao saber desta crise perto da zona onde habita, decide tomar a seu cargo a ajuda a esses pobres camponeses, para isso tenta criar uma espécie de comissão entre os ricos e poderosos da área para resolver esse problema.
Quando começa a coordenar as acções, descobre que a sua mulher, muito mais nova, bonita e com um carácter forte, mas com quem practicamente não tem relações nenhumas e as que tem são conturbadas, chegando inclusivé a viver em partes separadas da casa, já lhe tinha tomado a dianteira reunindo um grupo de pessoas à sua volta para isso.
A partir desta situação Tchekov começa a mostrar-nos o verdadeiro Pavel que é uma pessoa muito egoísta, metódica e com quem é difícil manter relações de amizade, mas que através da sua mulher e da descoberta do amor que ainda nutre por ela e juntamente com uma série de situações onde ele se apercebe do seu verdadeiro carácter, começa a descobrir-se a si próprio e a ter percepção do que a sua vida verdadeiramente é, uma vida de solidão.
Este pequeno livro, é uma lição de vida, mostra-nos como uma pessoa mesmo inconscientemente e com as mais nobres intenções, consegue prejudicar a vida dos outros e a sua felicidade.
Este livro, na edição original da Quasi e na versão distribuida pelo Diário de Notícias, tem também a particulariedade de ter sido traduzido pelo Luiz Pacheco, o que dá também um toque de ironia, como só ele conseguia fazer, sem nunca fugir ao original.
2 comentários:
Parece interessante. Nunca li nada de Tchekov. Aliás estou muito em falta com todos os clássicos russos, só li Anna Karenina de Tolstoi.
Olá Pipas
como sabes também estou a descobrir Tchekov. Parece que este livro não foge muito ao tema de A Estepe.
O que eu admiro nestes enormes escritores russos é essa sensibilidade humana, essas lições de vida, como lhe chamas e, ao mesmo tempo uma critica social magnífica.
É curioso como os maiores escritores russos viveram no período mais miserável e injusto socialmente da história dessa grande e martirizada nação. E isso não é coincidência; talvez seja nos momentos mais difíceis das nações que sobressaem os maiores génios.
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