Há um género literário (dentro de vários) que ainda não falei aqui no blog, que é a Ficção Científica.
A Ficção Científica, é um género literário que infelizmente ainda é olhado um pouco de lado pelo meio literário, por vezes até considerado de "segunda" mas que eu aprecio bastante.
Recententemente tive oportunidade de adquirir uma série de livros deste género literário editados na colecção Caminho de Bolso, os famosos livros azuis (Ficção Científica) e pretos (Policiais), que bastante divulgou este género e nos deu a conhecer tantos e bons autores entre eles vários Portugueses.
O livro que eu escolhi para iniciar a leitura destes livros, é um que já é considerado um clássico, chama-se À Beira do Fim, no original Make Room!, Make Room! do escritor Harry Harrison.
Como atrás referi, este livro é um dos mais conhecidos dentro do género, foi editado primeiramente 1966 e ganhou vários prémios entre eles o Prémio Nébula, (considerado o "Nobel" da Ficção Científica) e serviu de base também a um filme de 1973 (mas com um argumento diferente da história do livro), com Charleston Heston no papel principal.
Este livro mostra-nos um planeta Terra no ano de 1999 (para nós já passado, mas ainda muito longínquo no ano em que foi escrito o livro), super-povoado, poluidíssimo, sem combustíveis, com escassez de comida e água, de matérias - primas, etc., e que cuja acção se passa numa Nova Iorque à beira da ruptura.
Adrew Rusch um polícia nesta Nova Iorque decadente e super-povoada é destacado para investigar um homicídio de um "figurão" do crime organizado da cidade que vai "incomodar" muita gente e a partir daí, toda a sua vida se vê alterada para sempre afectada por uma profusão de acontecimentos que evoluem e que estão ligados ao crime e paralelamente à própria vida na cidade e no mundo.
Tendo por base um policial, este livro aborda muitas e pertinentes questões, que hoje mais do que nunca têm directamente a ver com a nossa sociedade actual.
O autor em 1966, previa um mundo com excesso de população em que o Homem com a sua ganância esgota os recursos do planeta, extingue a maioria das espécies animais e vegetais, polui e destroi, coisas estas que (felizmente) ainda não aconteceram mas que por vezes já se vislumbram no nosso horizonte, nomeadamente no aquecimento global, alterações climáticas, a quase e até mesmo a já extinção de espécies animais e vegetais, o excessivo crescimento populacional o uso excessivo de combustíveis fósseis, etc., se o Homem não tomar medidas enérgicas para isso não acontecer, brevemente vai haver a conferência de Copenhaga e estou esperançoso que os vários governos principalmente dos grandes países tomem mais medidas e resoluções para evitar este cenário catastrófico.
Outro assunto também aqui abordado é o do controlo da natalidade e planeamento familiar, questão complexa (ainda mais na época em que o livro foi escrito), em que o autor mostra uma sociedade dividida sobre esse assunto, tendo de um lado os cientistas e os apoiantes do controlo de natalidade e do outro a igreja e o fanatismo religioso a contestar esse controlo.
Este livro apesar de toda esta temática, lê-se extremamente bem, não é muito grande (195 páginas) e na minha opinião toda a gente devia de o ler, para se ter uma pequena sugestão do que o nosso mundo poderá vir a ser se não tivermos cuidado com ele, é sem dúvida o exemplo perfeito de como um livro com cerca de 43 anos se mantém tão actual, poderia ter sido escrito ontem, hoje ou amanhã.
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